Segunda, 05 Outubro 2020 13:29

SOBERANIA

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SOBERANIA

“Mas estende agora a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e ele blasfemará de ti na tua face!” (Jó 1.11)

 

A narrativa do livro de Jó é muito conhecida pelo intenso sofrimento que o personagem principal passou. Nada se compara a sua dor, nada se compara às aflições que ele enfrentou e nada se compara as suas perdas. O livro não tem uma autoria certa e definida, mas isso se torna secundário quando se observa a profundidade de suas lições para os dias atuais, notadamente quando se vê o crescimento de tantas teologias fundamentadas na prosperidade e nas bênçãos meritocráticas ou por merecimento.

O autor descreve Jó como um homem rico, temente a Deus, cheio de bens, com muitos animais e extremamente honesto e correto em suas atitudes, todavia, mesmo com todos estes indicadores ele perdeu suas posses, seus filhos e filhas e logicamente, tudo o que conquistou em termos de riqueza também foi embora. Sem entender o que se passava, Jó teve a companhia de três amigos que, cada um ao seu modo, tentaram explicar a causa de sua dor.

É comum que nas famílias os filhos sejam criados com base na equação de causa e consequência. Se forem bons na escola com boas notas nos exames, ganham um bom presente ao final do ano. Se comportarem bem, sem brigas com os irmãos, se ajudarem na casa e se arrumarem o quarto, ganham elogios e de forma contrária, caso as atitudes e posturas sejam reprováveis, não serão elogiados. Enfim, muitos pais usam de seu poder para conduzir a vida de seus filhos, fundamentados unicamente na troca, ou seja, numa relação de merecimento e punição.

Não é segredo para ninguém que a relação do homem com Deus tem sofrido deturpações ao longo da história. Neste contexto surgiram muitas propostas com a finalidade de amenizar a vida do homem e dentre essas, uma proposta que ainda perdura no meio cristão é aquela que valoriza o mérito, ou seja, a retribuição divina em detrimento da graça e da vontade de Deus.

A narrativa diz que Jó, ao ser elogiado por Deus pelo seu bom comportamento e sua postura, incitou o argumento de Satanás, que rapidamente disse a Deus que Jó tinha aquela atitute porque Deus o abençoava, mas bastava tirar os bens materiais que ele iria se rebelar. Noutras palavras, Satanás insinuava que a relação de Jó com Deus estava baseada no mérito, na troca, na barganha, ou seja, Deus o abençoava e em contrapartida, Jó o adorava. Era a visão satânica do que hoje tem sido tão propalado: a teologia retributiva (Jó 1.11). Pasmem!

O incrível foi que a mulher de Jó, de maneira consciente ou não, manifestou sua opinião diante da situação de seu marido, orientando-o a se matar, pois o mesmo Deus que havia lhe dado filhos e bens e em retribuição havia sido adorado, agora o abandonou. A visão dela era idêntica à visão de Satanás e foi nessa percepção que dela surgiu a pergunta: qual a motivação de ser honesto e correto com Deus se ELE não retribui com bênçãos? Era preferível morrer e assim, a esposa de Jó alinhava sua visão de mundo com o pensamento de Satanás (Jo 2.9).

Perceba que assim como os filhos podem eventualmente manipular os pais para serem recompensados e/ou fugirem da punição, hoje muitos cristãos cometem o equívoco de adorar a Deus mediante uma adoração de troca. “Se Deus me abençoar, faço isso... faço tal coisa e Deus me abençoa... se Deus me der tal objeto, irei na igreja..”. Atente que na verdade essas pessoas não reconhecem o dom da graça de Deus e nem reconhecem o sacrifício de Jesus na cruz do calvário, sacrifício esse que teve por fundamento o amor pela humanidade. O homem não merecia, mas Deus o amou. Reflita!

Hoje é fácil verificar que a grande dificuldade de muitos cristãos tem sido cultuar sem interesses de receber algo de Deus. Adorar a Deus pelo que ELE é e não pelo que ELE pode dar ao homem. Essa é a essência da gratidão que tem sido perversamente deturpada por muitos quando cultuam a Deus mediante trocas, chegando inclusive a marcar data para receber bênçãos e milagres. Tem sido extremamente comum que muitos buscam a Deus atrás de uma benção, de um milagre ou mesmo para conquistar algo de que muito necessita, todavia, compreenda que curas, milagres, trabalho, casamento, moradia, saúde e tantos outros itens, embora importantes para a vida humana, não podem ser o foco ou o objetivo da caminhada cristã. Guarde isso!

Encerrando, perceba que o homem deve buscar a Deus pelo que ELE representa em termos de salvação e vida eterna e não pelo que Deus pode fazer, ou seja, a condição para receber o favor de Deus é reconhecer que ninguém é merecedor de nada, entretanto, por meio de Sua graça, ELE pode conceder. Detalhe: conforme a Sua vontade (Mt 6.10). Isso é soberania, amém?  

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 760 vezes Última modificação em Quarta, 07 Outubro 2020 07:07
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